As vacinas contra covid-19 começaram a ser aplicadas no Brasil em 17 de janeiro deste ano. A enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose da Coronavac, imunizante desenvolvido em parceria entre o Instituto Butantan (brasileiro) e a empresa chinesa Sinovac. Na época, o País registrava quase 210 mil vidas perdidas pela doença causada pelo novo coronavírus.
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Após seis meses do início da vacinação, mais de 37 milhões de pessoas estão totalmente imunizadas (já receberam as duas doses necessárias ou a vacina de dose única). Esse número representa apenas 17,73% da população do país. Já a porcentagem de pessoas vacinadas com a primeira dose é de 45,09%.
O que você precisa saber sobre as vacinas contra a covid-19
A vacinação é essencial para combater a disseminação do vírus – que segue em alta no Brasil -, além das medidas de segurança, como distanciamento social, uso de máscaras e higiene constante das mãos. O diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), professor e imunologista Jan Carlo Delorenzi, comentou informações importantes sobre a vacinação contra a covid-19. “Atualmente, o Brasil conta com quatro vacinas, são elas: Coronavac, do Instituto Butantan em parceria com a Sinovac; Astrazeneca, imunizante que no nosso país é produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Pfizer, do laboratório BioNtech; e Janssen, do grupo Johnson & Johnson, aplicada em dose única. Com exceção desta última, as demais precisam de duas doses. Mesmo com as diferenças entra as fabricantes, todas têm o mesmo objetivo: proteger a população e erradicar a disseminação do vírus.
De acordo com Delorenzi, todo o processo de desenvolvimento de um medicamento é baseado em três pilares fundamentais, sendo eles: segurança, eficácia e qualidade. “Se eles não forem atendidos, não há avanço no desenvolvimento e a consequente liberação do produto”.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão responsável por garantir que todos os estudos referentes aos três pilares foram realizados. “Uma vez que haja liberação da ANVISA, podemos ficar tranquilos com relação à segurança, à eficácia e à qualidade de um produto”, explica o diretor.
Ainda segundo o imunologista, como as vacinas são novas e estão sendo implantadas agora, alguns efeitos não observados nos estudos clínicos de desenvolvimento podem aparecer. Por isso, há uma intensa monitorização de todos os casos indesejáveis que aparecem. A ANVISA pode recomendar a suspensão do uso de algum imunizante de forma total ou para alguns grupos específicos. “Ainda assim, todas as vacinas disponíveis para a covid-19 são seguras e eficazes, mesmo que possam apresentar diferenças quanto à eficácia”, afirma.
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Vacinação é o caminho para acabar com a pandemia
A vacinação é um método de prevenção de doenças. Uma vez no nosso organismo, o sistema imunológico enxerga esse antígeno como estranho e dispara um processo de reação que levará à ativação de células produtoras de anticorpos. “No caso específico da covid-19, a vacinação em massa levará à incapacidade do vírus de se disseminar na população, porque não encontrará ninguém susceptível à sua entrada. Como o vírus só se replica no interior de células (fora de nosso corpo ele é incapaz de produzir cópias de si mesmo), ele acabará extinto, porque não produzirá novas cópias virais capazes de infectar outras pessoas”, diz o especialista.
Contudo, a população vacinada pode contrair o vírus, mas isso não é motivo para não tomar a vacina. Delorenzi ressalta que isso acontece porque o motivo primário da criação das vacinas contra a covid-19 foi a redução de casos graves.
Com um percentual tão baixo de pessoas vacinadas, o vírus continua circulando facilmente. Por isso é importante manter as medidas de segurança, como o distanciamento social, uso de álcool em gel e de máscaras. “Sem isso, e no ritmo em que a campanha acontece no Brasil, demorará muito para que a disseminação viral seja interrompida”, relata Delorenzi.
Quem já teve covid-19 não está protegido
Muitas pessoas pensam que, após contrair o vírus da covid-19, não é necessário tomar a vacina, mas isso não é verdade. De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, as pessoas que já se contaminaram com o coronavírus precisam receber o imunizante, assim como toda a população apta a tomar a vacina.
Essa dúvida existe porque as pessoas contaminadas geram resposta imune após a infecção, mas não é algo protetor e duradouro. Ainda de acordo com a publicação do Governo de SP, é recomendado o adiamento da vacinação nas pessoas com sintomas respiratórios até a recuperação clínica total, pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir do primeiro resultado positivo do exame (mesmo nos casos de pacientes assintomáticos).
Coronavac para o público idoso
O geriatra Rubens de Fraga Júnior, da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), garante que a Coronavac é eficaz em idosos. “A vacina foi 42% eficaz no cenário do mundo real de transmissão extensa de P.1, mas a proteção significativa não foi observada até a conclusão do regime de duas doses. Esses achados ressaltam a necessidade de manter intervenções não farmacêuticas quando a vacinação em massa com a Coronavac é usada como parte de uma resposta epidêmica”, ressalta ele.
Em tempos de pandemia, o geriatra recomenda que é importante encorajar este público a permanecer ativo e manter ganhos de força, equilíbrio e flexibilidade, pois isso reduz o risco de queda, fortalece o sistema imunológico e melhora a qualidade de vida. Além disso, os idosos que ainda não tomaram vacinas contra a covid-19 devem providenciar as doses o mais rápido possível.