A Índia é o segundo território mais populoso do mundo, com mais de um bilhão de habitantes. No entanto, a nação vem apresentando um número proporcionalmente baixo de contaminados pelo covid-19. De acordo com estudo da Universidade Johns Hopkins, o país contabiliza até o momento aproximadamente 78.810 infectados e 2.564 mortes.
Nem todo mundo que mora por lá, entretanto, acredita no que vem sendo divulgado pelo governo. “O fato é que não estão realizando muitos testes na Índia. Acredito que, se fizerem mais checagens, o que é uma tendência, o número de contaminados irá crescer bastante”, comenta A.Somasundaram, de 39 anos.
O indiano, que mora em Chennai, no sul da Índia, relata que ninguém sabe qual é a realidade em relação à contaminação no país. “Ainda não temos uma imagem clara sobre tudo isso. Não sabemos se isso irá afetar milhões de pessoas. Sem testes, simplesmente não dá para saber”, afirma.
Em relação à sua rotina, A.Somasundaram conta que trabalha numa empresa de auditoria e, por terem uma condição financeira melhor, ele e sua família não sofreram tanto o impacto da pandemia. “Como somos de classe média alta, não fomos tão afetados. A única coisa que precisamos fazer foi ficar em casa”, comenta.
Contudo, o indiano se preocupa com a situação de quem tem mais dificuldade financeira, já que as organizações não conseguem ajudar a todos. “As coisas estão feias para muitos trabalhadores. Diversos voluntários, assistentes sociais e entidades têm auxiliado, mas ainda não é o suficiente. O governo precisa fazer mais para salvar vidas”, ressalta A.Somasundaram.
Quando questionado sobre o futuro do país, A.Somasundaram não se mostra muito positivo com a situação. “Se a pandemia não acabar até junho ou julho, todas as classes da sociedade e a economia sofrerão. As pessoas mais pobres já foram prejudicadas e continuarão perdendo suas vidas”, completa.
A pandemia no Paquistão
O cenário da Índia é bastante parecido com o do vizinho Paquistão. Mesmo com uma quantidade baixa de óbitos pelo coronavírus, o país está entre os que mais registraram contaminados da Ásia, atrás apenas do Irã, da China e da própria Índia. A região soma, até o momento, 35.788 contaminados e 770 mortos.
Para tentar achatar a curva e, consequentemente, favorecer o sistema de saúde , o governo paquistanês impôs a quarentena. E se por um lado ela ajudou a diminuir o número de casos, segundo especialistas, por outro afetou a vida de muitos habitantes, sobretudo dos fiéis que foram proibidos de irem aos templos durante esse período.
“O surto nos obrigou a manter distância social de outras pessoas”, lamenta Muhammad Mustafa, de 21 anos.
O estudante paquistanês mora em Lahore, capital da província do Panjabe. Muhammad relata que, independentemente das medidas impostas pelo governo, os casos estão subindo no Paquistão.
“O número de infectados cresce a cada dia, afetando a todos. Depois que a situação estabilizar, acredito que as repercussões econômicas serão severas, até mesmo para quem tem um estilo de vida mais luxuoso”, finaliza.
Covid-19 pelo mundo: série de entrevistas
OBusca Voluntária e o Rota de Férias estão conversando com pessoas de todo o planeta para saber como o coronavírus está afetando a realidade de suas cidades. Confira os outros capítulos da série: