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Dicas para incluir transexuais no mercado de trabalho

Da Redação
6 de Julho de 2021


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*Por Marcelo Furtado

A inclusão de transexuais no mercado de trabalho tem sido um assunto discutido com frequência no ambiente empresarial. Isso porque, embora a postura das organizações esteja mudando em relação à diversidade do time interno, ainda existem obstáculos para que exista uma política sustentável de inclusão. Neste artigo, falarei sobre conceito de gênero, desafios, erros cometidos em processos seletivos e como a diversidade pode contribuir para o sucesso da empresa.

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O que é identidade de gênero?

Identidade de gênero é como um indivíduo olha para si mesmo e se apresenta para a sociedade. Assim, não é uma ideologia e nem mesmo um tipo de orientação sexual. Ela também não deve ser confundida com expressão de gênero. Neste caso, a pessoa modifica a aparência, mas continua se identificando com o sexo biológico original.

Para não cometer erros, é sempre válido perguntar para a pessoa qual é o termo que ela se sente mais confortável em ser tratada. Dentre as identidades de gênero, estão:

  • Cisgênero: pessoas que permanecem com o seu sexo biológico durante toda a vida;
  • Transgêneros: pessoas que a identidade de gênero diverge do sexo biológico;
  • Não-binários: pessoas que não se identificam com um determinado sexo biológico, mas com ambos.

Qual é a importância da inclusão de transexuais no mercado de trabalho?

O aspecto social é um dos principais motivos que mostram a importância da inclusão de transexuais no mercado de trabalho. No Brasil, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) , a cada 16 horas é registrada uma morte causada por transfobia. Os dados também mostram que mesmo vivendo no meio de uma pandemia, os assassinatos contra pessoas trans estão acontecendo mais precocemente, com vítimas cada vez mais jovens e com maior violência.

Muitos dos óbitos acontecem pois os transexuais se submetem à prostituição por falta de oportunidades de trabalho. Nesse ambiente, ficam vulneráveis a todo o tipo de violência não só física, mas também psicológica.

E mesmo que essas pessoas tenham qualificações e experiências profissionais ou educação superior, isso não garante a sua aprovação em processos seletivos, pois esbarram no preconceito e na falta de políticas de inclusão das empresas.

Por que investir em uma empresa mais inclusiva?

A diversidade de gênero e uma política voltada para a inclusão oferecem muitos benefícios para os negócios. Entre eles:

  • Diminuição do turnover: em vista do atual cenário empresarial hostil, a marca que tem uma cultura inclusiva e psicologicamente segura consegue reter seus talentos profissionais. Isso porque as pessoas se sentem ouvidas e respeitadas;
  • Engajamento: a ética e o respeito da organização pela diversidade elevam o engajamento do time. A consequência seguinte é o aumento da motivação e da produtividade nos serviços;
  • Inovação: equipes plurais têm a capacidade de pensar em soluções inovadoras. Afinal, vários perfis da sociedade estão representados dentro da empresa. Sendo assim, é mais fácil desenvolver produtos e serviços que atendam às necessidades do público-alvo.

Quais os desafios enfrentados por transexuais no mercado de trabalho?

Um dos maiores desafios das pessoas trans é ingressar no mercado de trabalho. Normalmente, as “portas estão fechadas” para esse grupo por causa do preconceito que se reflete nos recrutadores das empresas.

Devido a isso, muitos transexuais ficaram apartados do mundo corporativo nas últimas décadas, dificultando ainda mais o aumento da inclusão. Por exemplo, existem profissionais de RH que acreditam que essas pessoas são carentes de soft e hard skills. Outros têm ressalvas quanto a contratá-los por causa de clientes e colaboradores.

Por essas e outras razões, existe um alto índice de desemprego e informalidade. Segundo pesquisa apresentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em um grupo de 528 transexuais, apenas 16,7% estavam no mercado formal.

Quais são os principais erros cometidos no recrutamento?

Para que o processo seletivo seja mais inclusivo e promova o respeito pela diversidade de gênero, é preciso que os profissionais de RH evitem alguns erros. Dentre eles:

  • Descumprimento da lei ao não usar o nome social: De acordo com o Decreto Nacional Nº 8.727, a lei ordena sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. A lei pode variar de acordo com o Tribunal Regional do Trabalho de cada estado;
  • Perguntar o sexo biológico: evite o questionamento sobre o sexo biológico. Na verdade, é algo desnecessário e constrangedor, sem necessidade alguma;
  • Indagar sobre a cirurgia: a pessoa transexual não deve ser pressionada a revelar se fez ou não a cirurgia de transição de gênero.

Como o RH pode impulsionar a contratação de transexuais no mercado de trabalho?

É importante que os RHs desenvolvam e estimulem ações que facilitem a entrada de transexuais no mercado de trabalho. Dessa forma, contribuirá para que tenham boas oportunidades profissionais e de crescimento de carreira.

As estratégias que podem ser adotadas são:

  • Apoio da liderança na promoção dos direitos das pessoas transexuais na empresa;
  • Criação de um ambiente de igualdade de tratamento e oportunidades;
  • Educação dos colaboradores em relação aos direitos de pessoas trans;
  • Divulgação de seus direitos em campanhas de marketing da empresa;
  • Programas de treinamento e desenvolvimento voltado para as pessoas transexuais;
  • Benefícios flexíveis e passíveis de adaptação;
  • Apoio psicológico;
  • Criação de ações internas com temas voltados para a inclusão e a diversidade.

Outra atitude é deixar claro para os colaboradores e nas campanhas publicitárias da empresa, que a transfobia, de acordo com a Lei 7.716/2018, é crime. Discriminar a identidade de gênero de alguém pode acabar em pena de até três anos de prisão e o pagamento de multa. Já os que divulgam atos discriminatórios em meios de comunicação podem ser presos por até cinco anos, além do pagamento de multa.

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*Marcelo Furtado é CEO da Convenia, empresa que oferece ferramentas de RH que facilitam a gestão de pessoal

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