Lançadas no começo de abril, as Pink Gloves (“luvas cor-de-rosa”, em português) chegaram ao mercado com uma função muito peculiar: proteger as mãos durante a troca de absorventes higiênicos. Não demorou para uma onda de indignação com a proposta do produto tomasse a internet, o que obrigou item a ser retirado do mercado.
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Criado por Eugen Raimkulow e Andre Ritterswürden, dois empreendedores alemães, o produto teve sua utilidade questionada imediatamente após o lançamento. Além da possibilidade de gerar um impacto ambiental gigantesco, as Pink Gloves reforçam a chamada “estigmatização da menstruação”, colocando esse processo natural como algo sujo e que não deve ser debatido.
A startup chegou a apresentar as luvas cor-de-rosa no programa de TV “The Lion’s Den”, a versão alemã do brasileiro Shark Tank, em busca de investimento financeiro. Em sua apresentação, a dupla usou de argumento como compartilhar o banheiro e o lixo com mulheres que menstruam pode ser desagradável. Na ocasião, o produto recebeu um aporte de 30 mil euros do investidor Ralf Dümmel.
Erro reconhecido
Após a repercussão do produto na internet, os empreendedores reconheceram o problema das Pink Gloves e se desculparam publicamente. Em um comunicado publicado no site, a startup afirmou: “não quisemos descredibilizar alguém ou tornar tabu um processo que é natural”. O investidor do The Lion’s Den também pediu desculpas pelo impacto negativo do produto.
Apesar da situação problemática, o erro da Pink Gloves deu ainda mais luz ao impacto dos tabus menstruais na sociedade e a importância de desmistificar o assunto. Afinal, esses estigmas estão diretamente relacionados à dificuldade na gestão da menstruação e da manutenção da saúde reprodutiva de muitas mulheres – que ainda veem nesse processo natural um motivo de vergonha e constrangimento.