Na capital de Pernambuco, em Recife, está um dos maiores manguezais urbanos do País. E é de lá que a população da Ilha de Deus, onde se concentra a vegetação, tira seu sustento baseado em pesca. A degradação do mangue, contudo, ameaça a prática, como retrata o documentário “Órfãos do mangue: o projeto de destruição ambiental e os impactos nas comunidades pesqueiras”.
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O filme foi produzido a partir da proposta de pauta vencedora do 15º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, pelo grupo de estudantes Guilherme Silva dos Santos, Laysa Vitória Alves de Andrade e Letícia Maria Barbosa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A ideia da pauta surgiu após o grupo observar que o noticiário tradicional aborda pouco o tema, apesar de sua importância.
“A derrubada das resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) no governo Bolsonaro, abrindo brechas para a especulação imobiliária em áreas de mangue e restinga, ajudou na decisão final sobre a escolha da pauta. Apesar das resoluções terem sido revogadas pela ministra Rosa Weber, a especulação imobiliária continua desmatando o mangue e afetando as comunidades tradicionais pesqueiras”, relata o grupo. Além do avanço da especulação imobiliária na região, o filme denuncia outras ameaças ao mangue, como a poluição e o vazamento de óleo.
Além de orientação, a professora de jornalismo Adriana Maria Andrade de Santana, foi responsável por acompanhar o grupo até a área do manguezal, onde foram captadas imagens. “Poder participar da produção daquele tipo de jornalismo pelo qual militamos na universidade e na profissão, ter a chance de vivenciar o que, muitas vezes, está associado apenas a um ideal utópico, mas não a uma possibilidade prática, é um presente para nós, jornalistas-docentes”, afirma.
“Fazer a mentoria no Prêmio Jovem Jornalista é gratificante. A garra e o talento dos participantes nos dão a certeza de que a próxima geração de jornalistas elevará o nível de excelência profissional”, diz Paulo Oliveira, jornalista mentor do grupo.
Novas e velhas lutas: qual o papel do jornalismo na reconstrução do Brasil?
Em sua 15ª edição, o Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão convidou estudantes de jornalismo de todo o Brasil a elaborarem propostas de pauta que investiguem a precariedade das políticas públicas brasileiras voltadas aos direitos humanos, com destaque para determinadas áreas, como meio ambiente, saúde e educação.
O objetivo foi fazer com que, a partir de uma perspectiva jornalística, fosse possível compreender como a negligência do antigo governo afetou a população e, mais do que isso, ter a dimensão do que precisará ser feito, daqui para frente, para que o Brasil volte a agir como garantidor e não como um violador de direitos.
O desafio, em resumo, foi, a partir de propostas de pauta jornalísticas se debruçar sobre qual o papel do jornalismo na reconstrução do Brasil. Quais as pautas que precisam ser investigadas para que caminhemos rumo à construção de um País mais justo e menos desigual?
O prêmio
Ao longo destes 15 anos, o PJJ possibilitou que jovens estudantes desenvolvessem importantes trabalhos jornalísticos sobre os direitos humanos. A iniciativa busca contribuir com a formação de estudantes de jornalismo de todo o território nacional, simulando a lógica de uma redação profissional.
Desde sua criação, o prêmio viabilizou cerca de 70 reportagens de importante conteúdo investigativo. Além disso, foram mais de 2.800 estudantes inscritos, 198 universidades e faculdades de comunicação e mais de 700 professores orientadores.
A iniciativa é uma homenagem ao jornalista Fernando Pacheco Jordão, que sempre se preocupou com o desenvolvimento dos jovens profissionais de imprensa. Falecido em 2017, Pacheco Jordão atuou na redação de importantes meios da imprensa nacional, incluindo emissoras de rádio, de televisão e jornais de circulação nacional.
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