Novembro Azul: 14 dúvidas sobre o câncer de próstata
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o Brasil registrou cerca de 68.220 novos casos de câncer de próstata em 2018. Como esse é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, é necessário chamar atenção para essa doença que afeta milhares de brasileiros.
Por isso, neste mês é celebrado o Novembro Azul. Esta campanha tem como objetivo incentivar o diagnóstico precoce da doença, por meio do acompanhamento com o urologista e realização dos exames anuais.
Para tirar algumas das dúvidas mais frequentes sobre o câncer de próstata, o Busca Voluntária entrou em contato com o Dr. Alvaro Bosco, urologista e especialista em cirurgia de próstata do IBCC Oncologia. Confira a entrevista com o especialista.
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1. O câncer de próstata só afeta homens idosos?
Não. O câncer de próstata é mais prevalente nos idosos. Mas a partir dos 40 anos, alguns casos esporádicos já podem ocorrer, principalmente na população de risco que são aqueles com histórico familiar de câncer de próstata; da raça negra e os homens obesos. Após essa idade, há um aumento do risco.
2. O sedentarismo pode aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de próstata?
Sim. Um estilo de vida desregrado, com sedentarismo, má alimentação e obesidade têm associação com o desenvolvimento do câncer de próstata.
3. A atividade física regular ajuda na prevenção e no tratamento do câncer de próstata?
Sim. A alimentação saudável e a atividade física regular diminuem as ocorrências de câncer de próstata e podem contribuir para menos irregularidades durante o tratamento.
4. Fazer a vasectomia pode causar câncer?
Não podemos afirmar que a vasectomia cause câncer de próstata. Existem artigos que mostram evidências, entretanto outros não demonstram nenhuma associação. O câncer é multifatorial por essa razão é difícil se chegar concretamente à essa relação.
5. Quem opera a próstata fica impotente sexualmente?
Não e esse é um mito muito comum. Dados mostram que são vários os fatores que influenciam no bom resultado da cirurgia de próstata. Entre eles destacamos: potência pré-operatória, ou seja, a qualidade da ereção antes da cirurgia; extensão da doença; e experiência do cirurgião.
De qualquer forma, existem maneiras de melhorar a capacidade sexual após a cirurgia e que devem ser orientadas pelo urologista responsável pelo paciente. Como exemplo: medicações orais, injetáveis ou mesmo prótese peniana. Tudo vai depender do interesse do paciente e da parceira em manter a vida sexual ativa.
6. Pessoas da raça negra têm maior risco de desenvolver a doença?
Sim. Vários estudos já demonstraram que a população negra está sob risco maior. Inclusive, um levantamento revela que homens negros com câncer de próstata de baixo risco possuem duas vezes mais chances de morrer da doença do que a população não negra.
7. O câncer de próstata sempre apresenta sintomas?
Não. Geralmente a doença se inicia sem causar qualquer sintoma. Com o avançar da patologia, pode haver sintomas urinários: como sangramento na urina; obstrução urinária; dor óssea na bacia e coluna.
Essa última surge quando a doença não está mais localizada apenas na próstata. Por isso, o paciente não pode aguardar ter sintomas para iniciar o processo de investigação de câncer de próstata. A melhor atitude é passar em consulta anualmente com o urologista para averiguação.
8. Todos os casos de câncer de próstata precisam de tratamento?
Hoje temos uma compreensão muito melhor sobre a doença do que tínhamos no passado. Dessa forma, para o urologista, o câncer de próstata não é uma doença. Apesar de parecer tudo igual aos olhos do paciente, um caso não tem semelhança com outro.
Sendo assim, o câncer pode ser didaticamente dividido em local: aquele presente apenas na próstata ou avançado quando sai da próstata para outros órgãos – e nesses casos há um controle muito bom da doença com hormônios ou quimioterapia. É importante salientar que o câncer local de próstata pode ser dividido em três padrões de riscos. São eles baixo risco, risco intermediário e alto risco.
No caso da doença de baixo risco, pode-se oferecer a vigilância ativa ou acompanhamento assistido com exame físico, de imagem e biópsia em tempos determinados e sem a necessidade de procedimento invasivo como cirurgia ou radioterapia. No entanto, para isso, é necessário retornos frequentes ao urologista e muita disciplina para não deixar a doença evoluir.
9. O que é o PSA?
PSA é a sigla em inglês para prostate specific antigen e que em português significa antígeno prostático específico. Trata-se de uma proteína produzida pelo tecido prostático que tem como função liquefazer o sêmen após a ejaculação e assim, tem relação com a fertilidade do homem. No entanto, em muitos casos de câncer de próstata, há uma elevação dessa proteína dosada no sangue. Deve-se ficar claro que essa proteína é específica da próstata e não do câncer. Assim sendo, pode haver elevação dos níveis do PSA em casos que não são de câncer. Por exemplo: no crescimento benigno da próstata, nas infecções urinárias, prostatites ou após a manipulação cirúrgica da próstata ou uretra.
10. PSA baixo é sinal de que não tenho câncer de próstata?
Não. Em 25% dos tumores da próstata o PSA não se eleva. Ainda mais, em casos de câncer de próstata muito agressivos, o PSA pode não se alterar uma vez que as características das células prostáticas ficam muito diferentes do tecido original.
11. O exame PSA beneficia principalmente os homens acima de 65 anos?
O exame deve ser realizado anualmente por homens acima dos 50 anos, ou acima dos 45 anos, quando há fatores de risco. A idade limite para a realização do exame deve ser individualizada.
Na população brasileira que possui expectativa de vida de aproximadamente 75 anos, essa é a idade sugerida para término da investigação do câncer de próstata. No entanto, caso o paciente tenha expectativa de vida acima de 10 anos poderá ser discutida a investigação junto ao urologista que informará os riscos e benefícios de cessar o acompanhamento para esse fim.
12. O aumento do tamanho da glândula prostática é um sinal de câncer de próstata?Não. Há câncer de próstata em glândulas pequenas, há câncer de próstata em glândulas grandes. Assim como é possível ter próstatas grandes, PSA elevado e não haver câncer de próstata. O urologista é o especialista recomendado para realizar a avaliação e definir aqueles que são candidatos a prosseguirem na investigação.
13. Ter uma vida sexual ativa pode diminuir a possibilidade de câncer na próstata?Existem estudos que indicam que ter uma vida sexualmente ativa diminui a chance de câncer de próstata. No entanto, mais uma vez, devido ao fato da doença ser multifatorial, fica difícil comprovar esse benefício ou mesmo orientar uma quantidade específica de atividade sexual para se obter um ganho significativo.
14. Se a pessoa não teve caso de câncer na família, ela não precisa se preocupar?Deve sim. Claro que se houver histórico familiar, há uma preocupação maior. Mas a maior parte dos homens com câncer de próstata não têm antecedentes familiares. Dessa forma, todos devem fazer os exames anuais.