Nanotecnologia: como funciona em medicamentos e reduz efeitos colaterais
Criar medicamentos personalizados que desenvolvem propriedades específicas para que atuem de maneira prolongada e controlada, que sejam mais eficazes em determinados tecidos do corpo ou, ainda, para que se tornem mais fáceis de absorver pela pele, pode soar como promessa de ficção científica.
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Mas a nanotecnologia, até então disponível apenas para produção em larga escala, chega ao mercado de medicamentos manipulados com a promessa de entregar tratamentos cada vez mais individualizados e eficazes para diversas doenças, inclusive para o tratamento auxiliar do câncer.
Os lipossomas – espécie de envoltórios aplicados às substâncias usadas na fabricação de fármacos – são os responsáveis por essa revolução, conferindo propriedades únicas e individuais a medicamentos, suplementos e cosméticos.
“Com o uso de lipossomas nos medicamentos manipulados, os tratamentos se tornam ainda mais personalizados, podendo ser projetados pelo médico e pelo farmacêutico para um indivíduo em particular, para agir sobre uma doença específica ou para obter um efeito localizado”, diz Mário Abatemarco, farmacêutico e professor de cosmetologia, especialista do Grupo Farmácia Artesanal, pioneira na fabricação própria de lipossomas para uso na personalização de medicamentos.
Segundo o farmacêutico, os lipossomas podem ser programados para que as substâncias contidas nos produtos tenham um tamanho adequado para penetrar em determinados tecidos do corpo, para que tenham ação somente em células específicas, ou de forma a promover a liberação prolongada dos ativos farmacêuticos, tornando o tratamento ainda mais personalizado que os manipulados comuns.
A personalização dos produtos demanda uma abordagem multidisciplinar. “O trabalho colaborativo entre médicos e farmacêuticos é o que impulsiona a inovação”, declara Mário.
Essas características tornam esses medicamentos especialmente indicados para o tratamento metabólico do câncer. “Suplementos e medicamentos lipossomados podem ser projetados para ter propriedades específicas que permitem que os fármacos se acumulem nos tecidos tumorais de forma seletiva, minimizando os efeitos sobre as células saudáveis”, afirma a Janaina Koenen, médica endocrinologista.
Segundo ela, os lipossomados também facilitam a administração, especialmente em pacientes graves. “Os lipossomas podem ser manipulados em diferentes formas farmacêuticas, sendo entregues como xaropes, cremes ou sachês, evitando o uso de cápsulas muitas vezes difíceis de engolir por pacientes com algumas doenças crônicas”, diz Mário.
Mas o uso dessa nanotecnologia não se limita apenas a casos mais graves. Aplicações na dermatologia também são muito comuns. Para queda de cabelo, por exemplo, o tradicional minoxidil pode ser manipulado de forma lipossomada para aumentar a absorção, minimizar a ocorrência de alergias no couro cabeludo ou para garantir uma textura mais agradável ao produto, garantindo maior adesão ao tratamento.
Assim como os medicamentos, suplementos e cosméticos tradicionais produzidos pelas farmácias de manipulação, os lipossomados são manipulados somente com prescrição médica.
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