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Projeto social incentiva mulheres a ingressar no mercado de tecnologia

Da Redação
31 de Julho de 2023


Crédito: DepositPhotos
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Apesar de a área de tecnologia ter de lidar com a falta de profissionais qualificados, as mulheres ainda estão sub-representadas. Até 2025, o déficit de talentos pode chegar a 530 mil, enquanto apenas 12% delas atuam hoje em TI no Brasil. Esses dados são do relatório “Panorama de talentos em tecnologia”, feito pelo Google for Startups junto com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e da Ravelo (2022), e mostram a necessidade de atuar de maneira efetiva para a maior participação de mulheres no mercado tech.

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Ainda de acordo com o relatório do Google, 51% das startups entrevistadas para o estudo acreditam que existem grandes barreiras para a atuação de mulheres no mercado tech. Isso pode se dar, por exemplo, por falta de estrutura, idealização, referência e exemplo. Se essas pessoas são privadas de estar no meio, elas já vêm com a barreira de não acreditar que a área é para elas. Além disso, têm menos liberdade para errar e experimentar, o que acaba minando segurança, autoestima e possibilidades.

“Desde o início, mulheres interessadas em ingressar na área de tecnologia encontram barreiras culturais e sociais que se manifestam em diferentes níveis dentro das empresas. Vieses inconscientes e estereótipos de gênero são entraves que muitas encontram ao se aventurar nesse campo. Apesar de o mercado de tecnologia ter sido precursor em projetos de inclusão, diversidade e transformação da maneira de se trabalhar, como ao propor a horizontalização dos modelos hierárquicos nos quadros de funcionários, ainda enfrentamos muitos desafios”, comenta Flavia Arantes Pires Lage, que é AWS Technical Trainer na Escola da Nuvem.

Flavia é formada em Biotecnologia e trabalhou por muito tempo como pesquisadora da área de Engenharia Bioquímica. Apesar de ter tido contato com o setor tech antes, foi mais tarde que ela decidiu se dedicar à tecnologia, iniciando um curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. “A primeira dificuldade pela qual me deparei foi não saber como começar. A insegurança de não ser capaz, de não ser aceita. Eu era uma mulher de 28 anos que estava começando do zero uma nova faculdade e mãe de um bebê pequeno. O medo de não conseguir encontrar uma empresa que quisesse me contratar e o medo de ser um ambiente hostil para meu perfil, eram preocupações constantes”, lembra.

Contudo, Flavia começou a carreira tech como estagiária em banco de dados, quando conheceu o universo de cloud, de tecnologia de nuvem. No LinkedIn, viu uma postagem da Escola da Nuvem convidando profissionais para se voluntariarem. “Me inscrevi como voluntária para as aulas de preparo psicológico e para mentoria técnica em AWS. Me apaixonei pelo projeto e queria cada vez mais me envolver diretamente com ele. Logo depois, surgiu a oportunidade de ministrar uma turma de Fundamentos AWS como instrutora”, conta a profissional.

A Escola da Nuvem é uma organização sem fins lucrativos que atua capacitando e certificando gratuitamente mulheres e jovens a partir de 16 anos em situação de vulnerabilidade social. Além de formação, por meio de parceria com grandes empresas de tecnologia, a entidade busca inserir essas pessoas no mercado de trabalho. “Os cursos são robustos, as parcerias com as companhias são sólidas e os alunos recebem suporte para trilhar uma jornada com respeito às individualidades, capacitação 360 graus, com acesso a aulas de soft skills, hard skills e preparo de carreira”, explica Flavia.

A especialista conta que, na Escola, chegam mulheres com diversas particularidades. Todas são acolhidas em suas vulnerabilidades para terem a melhor experiência possível. “Os perfis de mulheres que nos procuram são diversos e nem sempre são definidos apenas pela renda familiar. Temos mulheres em transição de carreira, que enfrentaram a maternidade precocemente e não puderam continuar os estudos ou carreiras, que não possuem independência financeira de companheiros, e aquelas que estão tendo o primeiro contato com o mercado de trabalho.”

Mulheres no mercado tech: acolher para formar e profissionalizar

Durante a profissionalização na Escola da Nuvem, as alunas que participam efetivamente dos cursos passam por várias etapas, como preparação técnica e empregabilidade. “Na capacitação técnica, essas mulheres podem ter como referência instrutoras, mentoras e voluntárias, que oferecem apoio e acolhimento. Elas podem se sentir pertencentes e em um ambiente seguro para falarem, questionarem e perceberem que a representatividade é um importante fator na procura por uma posição. Não é uma jornada solitária. Na etapa de empregabilidade, elas podem ser direcionadas e indicadas para processos seletivos voltados para o público feminino”, explica a AWS Technical Trainer.

Quanto a dicas e conselhos para mulheres que querem entrar na área de tecnologia, mas se sentem inseguras, Flavia cita algumas opções, como buscar comunidades e projetos de mulheres. “Esteja em espaços que promovam a colaboração e um ambiente seguro, enfrente com coragem as dificuldades e busque apoio se acontecer algo sobre o qual não se sinta segura. Leia muito sobre a síndrome do impostor e promova diálogos. Use dos meios legais sempre que sofrer qualquer tipo de constrangimento, abuso ou retaliação”, indica.

“Para enfrentar a falta de representatividade de mulheres no mercado tech, é essencial que as empresas adotem medidas concretas para promover a diversidade e a inclusão. Isso envolve estabelecer metas claras de representatividade de gênero, implementar políticas de igualdade salarial, oferecer programas de mentoria e desenvolvimento específicos para elas e criar um ambiente de trabalho inclusivo, no qual todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas”, completa.

Todas essas ações trarão benefícios não só para a organização, como também para o mercado de trabalho e para a sociedade como um todo. “Quanto mais mulheres tivermos, mais oportunidades teremos de conquistar cargos de maior senioridade. Assim, ao incluir mais mulheres, estaremos nos aproximando de um cenário ideal em que não mais precisaremos discutir questões de gênero como fator de impacto negativo na sociedade”, aponta Flavia.

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