Não é de hoje que se ouve falar na luta contra a LGBTI+fobia. Somente em junho de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a retirada de transgeneridades como doenças mentais da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.
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Essa classificação aconteceu 28 após a decisão da OMS de retirar o termo homossexualidade da lista de doenças, no dia 17 de maio de 1990. Foi um grande passo na luta contra a LGBTI+fobia.
Até junho de 2019, data em que o Supremo Tribunal Federal decidiu a favor da criminalização da violência contra pessoas LGBTI+, não existia ação penal específica para os episódios. Porém, após a decisão, todos os atos motivados por preconceito devido a orientação sexual passaram a ser equiparados a crimes de racismo.
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Assim, configuram-se na legislação com pena prevista de um a três anos e aplicação de multa.
Luta contra a LGBTI+fobia
Além desse importante avanço, diversas iniciativas têm sido realizadas para promover a inclusão e a diversidade em toda a cadeia de valor e eliminar a LGBTI+fobia. No ambiente corporativo, por exemplo, se vê que as empresas têm se mobilizado cada vez mais para proporcionar igualdade de oportunidades e um ambiente seguro e respeitoso para todas as pessoas.
Movimentos como o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ ajudam a trazer ainda mais visibilidade ao assunto. Isso porque, os esforços e iniciativas são articulados em torno dos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção dos Direitos LGBTI+.
“Nossa missão é fortalecer esse diálogo sobre a diversidade e inclusão não apenas no meio empresarial, mas na sociedade a fim de combater o preconceito contra pessoas LGBTI+”, diz Reinaldo Bulgarelli, Secretário Executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. “Norteamos nossas ações em torno dos 10 Compromissos com a finalidade de orientar sobre as práticas que cada companhia deve seguir no âmbito interno e no relacionamento com seus diferentes públicos de interesse.”
O intuito, de acordo com o exeutivo, é contribuir para que as práticas de gestão empresarial sejam efetivas. E, assim, combater a LGBTI+fobia e seus efeitos negativos em toda a cadeia”
O que é a luta contra a LGBTI+fobia e como denunciar?
A LGBTI+fobia é um termo utilizado para definir crimes cometidos contra pessoas LGBTI+. Neste caso, o estigma, o preconceito, a discriminação, o bullying e a violência, bem como a acepção em decorrência de orientação sexual ou identidade de gênero e sua expressão de gênero é considerado LGBTI+fobia.
Embora o Brasil tenha apresentado um avanço importante com a criminalização da LGBTI+fobia, o país ainda ocupa o primeiro lugar no ranking das Américas no quesito de homicídios de pessoas LGBTI+,. Os dados foram veiculados pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA).
Para se ter uma ideia, a cada 19 horas, uma pessoa morre em decorrência de sua orientação sexual. É por esse motivo que a denúncia contra a LGBTI+fobia é uma medida que deve ser sempre seguida por todos.
“Quem passa por situações de LGBTI+fobia não deve ficar calado. Quando a pessoa sofre em silêncio, aquele problema persiste apenas para ela”, aponta Toni Reis, diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI+. “A partir do momento em que ela toma a iniciativa de realizar a denúncia, conseguimos fazer todos os encaminhamentos legais, abrimos uma investigação sobre o episódio e, dessa forma, cobramos um posicionamento do poder público e das defensorias.”
Além do Disque 100 e do Conselho Tutelar (no caso de quem é menor de idade), existem delegacias especializadas em crimes contra intolerância onde podem ser feitas as queixas de crimes contra pessoas LGBTI+.
Em alguns casos, as Delegacias de Defesa da Mulher também podem servir de apoio para registrar os episódios, como explica Lucas Bulgarelli, diretor do Instituto Matizes, organização independente direcionada à produção de dados e difusão de conhecimento sobre equidade.
De acordo com o diretor do Instituto Matizes, no caso do Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos (em São Paulo, o Disque Denúncia é o 181 e é administrado pela SSP/SP), são exigidas as seguintes informações no atendimento:
- quem sofreu a violência
- qual tipo (física, psicológica, maus tratos e abandono, por exemplo)
- quem praticou
- como localizar a vítima
- há quanto tempo ocorreu
- em qual local
- horário
- entre outros dados
As denúncias são recebidas e encaminhadas aos órgãos responsáveis.
“Muitas pessoas partem da percepção de que uma violência só ocorre em situações extremas, ou seja, que envolvem agressão física ou risco de vida a alguém”, descreve Lucas. “Contudo, também é importante levar em consideração as violências verbais e psicológicas que muitas vezes compõem esses quadros.”
“As denúncias de LGBTI+fobia abrem caminho para a conscientização sobre o tema e faz com que os indivíduos relacionados aos episódios compreendam a gravidade da situação e suas consequências”, complementa. “Por meio de ferramentas como o Disque 100 é possível mensurar o impacto da violência no Brasil e suas especificidades.”
Aliança Nacional LGBTI+
A Aliança Nacional LGBTI+ é uma organização da sociedade civil, pluripartidária e sem fins lucrativos. A ONG trabalha com a promoção e defesa dos direitos humanos e cidadania da comunidade LGBTI+ e também possui uma Central Nacional de Denúncias.
Nela, é plausível formalizar crimes de LGBTI+fobia. Para isso, basta acessar a página , preencher o formulário e as equipes estarão em prontidão para atendimento. Além disso, em virtude do aumento de casos de LGBTI+fobia e de grupos LGBTI+fóbicos no Brasil, a Aliança Nacional LGBTI+ tem divulgado um alerta com 11 dicas de segurança.
Site da Aliança Nacional LGBT+: https://aliancalgbti.org.br
“Se a pessoa está sofrendo LGBTI+fobia, deve buscar redes de apoio, pessoas ou instituições que garantam o seu bem-estar, segurança e integridade a nível imediato, como o exemplo das casas de acolhida. Ao contrário do que se possa imaginar, muitos casos não acontecem na rua, mas dentro de casa”, salienta Bulgarelli.
“Nessas situações, é preciso primeiro garantir os meios materiais e psicológicos para essa pessoa sobreviver e, em seguida, apresentar grupos, iniciativas ou associações da sociedade civil e do movimento LGBTI+ que permitam a ela compreender a violência pela qual passou e para que ela se aceite como é”, conclui Lucas.
Sobre o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+
Criado em março de 2013, o Fórum é movimento empresarial com atuação permanente reunindo grandes empresas em torno de 10 Compromissos com a promoção dos direitos humanos LGBTI+. O propósito é articular empresas em torno do compromisso com o respeito e a promoção aos direitos humanos LGBTI+ no ambiente empresarial e na sociedade.
Além de eventos periódicos para compartilhar as melhores práticas das empresas signatárias, fomentar o respeito à diversidade sexual e identidade de gênero e abrir espaços para diálogos entre empresas e a comunidade, “10 Compromissos para a Promoção dos Direitos LGBTI+”, expressam o entendimento sobre o papel das empresas e uma agenda de trabalho. Conheça sobre a luta contra a LGBTI+fobia em: www.forumempresaslgbt.com.