À medida que envelhecem, as mulheres podem perceber uma certa dificuldade em manter o peso normal, sobretudo com a chegada da perimenopausa e da menopausa – período no qual o ganho de peso pode chegar até 1,5 quilo por ano.
Considerando as peculiaridades da biologia hormonal feminina e outros aspectos sociais, torna-se desafiador construir um processo de emagrecimento eficaz para elas neste período. E esta especificidade pode gerar muita angústia e dúvidas.
Daniela Hurtado Andrade, endocrinologista e especialista em obesidade na Mayo Clinic em Jacksonville, compartilhou algumas informações para esclarecer dúvidas sobre o tema. Abaixo, estão alguns mitos e verdades relacionados a sobrepeso, obesidade e chegada da menopausa nas mulheres.
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É muito mais difícil perder peso após o início da menopausa
Verdade. É consideravelmente mais desafiador. As alterações hormonais, por si só, não são a única causa do ganho de peso, que também está relacionado ao envelhecimento, ao estilo de vida e à genética, mas elas contribuem para a mudança corporal. O declínio dos níveis de estrogênio e a queda de testosterona contribuem para a perda de massa muscular. Isso resulta em uma queima de calorias, seja em repouso, seja durante o exercício menos eficiente, facilitando o acúmulo de gordura.
“Muitas vezes a mulher na menopausa acaba utilizando a mesma restrição calórica e o gasto energético que costumava utilizar para emagrecer no passado, mas não obtém o mesmo resultado” ressalta Daniela.
As mudanças podem começar bem mais cedo do que se imagina
Verdade. “As variações no peso não estão limitadas à meia-idade ou à menopausa. Estudos indicam que o aumento de peso começa a ocorrer já na fase inicial da idade adulta. Por volta dos 30 anos, a massa muscular começa a diminuir de forma gradual como parte do processo natural de envelhecimento, intensificando-se durante a meia-idade devido à menopausa”, esclarece Daniela. A redução da massa muscular resulta em um metabolismo mais lento, um fator de risco para o ganho de peso.
A médica ressalta que é importante para a mulher reconhecer estas mudanças físicas antecipadamente para o monitoramento dos futuros sintomas e o desenvolvimento de um plano eficaz para reduzir o aumento de peso. “Estar ciente de que as mudanças físicas relacionadas ao peso começam antes da meia-idade pode ajudar as pessoas a compreender a importância de estabelecer e manter um estilo de vida saudável, que inclua uma alimentação adequada e exercícios.”
A terapia hormonal pode ajudar no emagrecimento
Em partes. A terapia hormonal não serve exatamente para frear a perda de peso. Ela é geralmente usada para tratar sintomas vasomotores, que são episódios súbitos de sensação de calor na face, no pescoço e na parte superior do tronco, normalmente acompanhados de rubor facial, sudorese, palpitações cardíacas, vertigens e fadiga muscular. No entanto, esses sintomas podem impor limitações nas tarefas do dia a dia, como fazer exercícios e ter uma boa noite de sono, fatores essenciais para o emagrecimento. O tratamento hormonal também pode ajudar a redistribuir a gordura que se acumula no centro do corpo ou no abdômen, que costuma aumentar durante a menopausa.
Deve-se aumentar o tempo de exercícios aeróbico
Mito. Quando uma mulher chega à menopausa, a perda de estrogênio tende a alterar a distribuição da gordura, que passa a se acumular mais na região abdominal. Diante deste aumento, é comum que algumas mulheres tentem aumentar o tempo de exercícios aeróbicos para reverter este processo, no entanto, essa pode não ser a estratégia mais indicada.
Exercícios aeróbicos são importantes para a manutenção da saúde cardiovascular e para o aumento do gasto calórico, mas diminuir o impacto da perda de massa muscular gerada tanto pela menopausa quanto pelo envelhecimento deve ser prioridade. Por isso é necessário adotar uma rotina de exercícios que envolva treinamento de resistência combinados se possível com treinamento intervalado de alta intensidade que tende a preservar mais os músculos.
“Isso pode ter um impacto significativo nos resultados da perda de peso. Uma das razões pelas quais chegamos a um platô durante o processo de emagrecimento é a perda de massa muscular, levando a uma desaceleração do nosso metabolismo”, ressalta a endocrinologista.
O uso de medicamentos, como Ozempic, são a solução mais rápida e eficaz
Em partes. Medicamentos como o Ozempic diminuem a fome e proporcionam mais saciedade, o que acaba auxiliando pacientes a perder cerca de 15% a 20% do peso corporal. Entretanto, eles têm indicações específicas. “São tratamentos que devem ser prescritos para pessoas com índices de massa corporal (IMC) superiores a 30 ou pacientes já com enfermidades decorrentes do sobrepeso”, diz Daniela.
No caso das mulheres na menopausa, a medicação pode ser interessante para pacientes em que se observa um ganho muito rápido de peso, como 5 quilos por ano, pois o aumento drástico de peso pode acarretar outras enfermidades graves como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. No entanto, mesmo com a prescrição, é importante estar atento às reações adversas.
A endocrinologista ressalta que 30% a 50% dos pacientes sofrem algum tipo de reação, como distúrbios gastrointestinais, náuseas, refluxo e também problemas vesiculares, reações que podem eventualmente prejudicar a absorção de nutrientes essenciais para a saúde. Além disso, existem relatos de pessoas que utilizaram o medicamento e, após a interrupção do uso, notaram uma mudança no apetite e na saciedade, ocasionando o retorno ao peso anterior ou mesmo aumento dele.
É impossível reverter o ganho de peso de forma natural
Mito. As mudanças corporais decorrentes do envelhecimento são inevitáveis. No entanto, com a adoção de alguns hábitos, é possível diminuir seu impacto. Adotar uma dieta de restrição calórica (entre 1.400 e 1.500 calorias), mas rica em proteínas, cerca de 1 grama a 1,2 grama por peso corporal, pode ajudar a frear a perda drástica de massa muscular. Além disso, adotar um plano alimentar com menos açúcares, gorduras e alimentos processados e adicionar mais fibras e produtos naturais nas refeições auxilia comprovadamente a saúde feminina.
Também é importante adotar tratamentos que diminuam possíveis sintomas da menopausa e que podem interferir não só no sono como na disposição e na saúde mental da mulher. Reduzir o consumo de álcool e tabaco, suplementar nutrientes e vitaminas como magnésio, zinco, vitamina K, vitaminas A, C e E, e os ácidos graxos saturados e até adotar terapias com fitoterápicos e fito hormônios podem auxiliar a melhorar o bem-estar da mulher nesta fase da vida.
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