O México chegou ao terceiro estágio da disseminação do coronavírus no país, marcado pela contaminação em massa. De acordo com um estudo da Universidade John Hopinks, o país tem cerca de 15.529 infectados e 1.434 mortes até o momento. Os números são inferiores, por exemplo, aos do Brasil, mas daqui para frente deve haver um aumento exponencial de casos.
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“Alguns estados do México têm altas taxas de infecção, como é o caso do meu. A minha mãe é médica e ela acredita que isso ocorreu por causa dos norte-americanos que vieram para cá”, diz a estudante de cinema Sara Beltran, de 22 anos. Ela é moradora de Mexicali, capital do estado da Baixa Califórnia, e analisa de perto como o governo vem lidando com a pandemia.
Covid-19 pelo mundo: Mexicali, México
A Baixa Califórnia está colada na fronteira com os Estados Unidos, próxima ao Arizona, ao Novo México e à Califórnia. Essas regiões são algumas das mais infectadas no país, o que, na visão de Sara, pode ter provocado um aumento da quantidade de contaminados perto de onde ela mora.
Para a estudante, o governo mexicano agiu tarde demais para combater a epidemia, já que o foco estava muito voltado à sustentação da economia. E, por isso, não poupa críticas a Andrés Manuel López Obrador, presidente do país.
“Ele é um idiota. O estado estabeleceu um possível curso de ação para combater a crise, mas o fato é que as medidas não estão funcionando muito bem”, comenta Sara. O presidente do México focou sua ajuda nas pessoas mais pobres e nas pequenas empresas, mas isso não está sendo o suficiente, segundo a estudante, para conter o colapso econômico de micro e médias empresas.
Apesar disso, a mexicana conta que as pessoas estão fazendo o possível para diminuir a contaminação. “Alguns cidadãos estão se mobilizando para impedir a chegada de mais infectados ao país, por meio do bloqueio da fronteira entre o México e os Estados Unidos”, relata.
Dia a dia na quarentena
Apesar de o isolamento social ter sido implantado no México, Sara conta que ficar em casa não mudou muito o seu dia a dia. “Antes disso tudo, não saia tanto para fazer coisas fora na rua. Eu ficava em casa para trabalhar, estudar ou desenhar”, explica.
Entretanto, a quarentena afetou em partes os seus trabalhos. “Como sou uma estudante de cinema, não poder sair de casa para produzir minhas obras é algo pouco favorável”, conta Sara. Por não conseguir criar tantas produções como antes, a mexicana vem tendo problemas em construir uma imagem para os clientes.
“Eu ainda estou trabalhando e preparando roteiros e vídeos, mas não sinto que eles estejam com uma qualidade ou num nível de seriedade bom para mostrar aos meus possíveis consumidores”, complementa.
Pensamentos sobre o futuro
Quando questionada sobre o futuro após a pandemia, Sara prevê uma situação desfavorável. “Caos. Muito, muito caos. Muitas covas comuns, mortes e diversas economias desestabilizadas por todo o mundo. Será algo muito ruim”, diz .
Contudo, a estudante de cinema tenta ser um pouco positiva em relação ao futura da arte e da humanidade. “Talvez surjam mais obras culturais, o que é a uma das poucas coisas positivas que eu consigo imaginar de toda essa situação. Só espero que as pessoas continuem a ser solidárias umas com as outras”, finaliza ela.
Covid-19 pelo mundo: série de entrevistas
O Busca Voluntária e o Rota de Férias estão conversando com pessoas de todo o planeta para saber como o coronavírus está afetando a realidade de suas cidades. Confira os outros capítulos da série:
Capítulo 1: Covid-19 pelo mundo: advogada relata o dia a dia na Cidade do México
Capítulo 2: Covid-19 pelo mundo: brasileira conta como está a vida em Santiago
Capítulo 3: Covid-19 pelo mundo: “estamos melhorando aos poucos”, diz morador de Bréscia
Capítulo 4: Covid-19 pelo mundo: americanos contam como está a vida em Denver
Capítulo 5: Covid-19 pelo mundo: brasileiro fala sobre a quarentena no Canadá