Covid-19 pelo mundo: enfermeira fala sobre o dia a dia na Alemanha
A Alemanha é uma das nações mais elogiadas do mundo no que se refere ao combate à pandemia da covid-19. Além de investir em testes e no preparo do sistema de saúde, a chanceler Angela Merkel adotou medidas rápidas para evitar a propagação do novo coronavírus. Atualmente, o país registra cerca de 165 mil pacientes contaminados e 6.866 óbitos, segundo a Universidade Johns Hopkins.
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A brasileira Cibele Höeger, de 54 anos, mora em Sontheim, no sul da Alemanha, há 31 anos. Ela atua como enfermeira geriátrica e conta que a cidade está parcialmente parada. “A clínica para idosos onde trabalho, por exemplo, foi fechada para visitas em 13 de março. No começo, nossos pacientes aceitaram a situação, mas agora estão começando a sentir com mais intensidade a falta do contato com os parentes”, explica.
Covid-19 pelo mundo: rotina de uma enfermeira na Alemanha
Luvas, máscaras e aventais se tornaram itens essenciais no dia a dia de Cibele e de outros profissionais da área de saúde. “Temos contato direto com o grupo de risco. Nossos pacientes têm até 98 anos. Mesmo assim, ainda não tivemos nenhum caso confirmado, diferentemente de várias outras clínicas de idosos, que já registraram mortes”, afirma.
A brasileira conta que os pacientes recebem visitas que cumprem as regras de distanciamento social. “O idoso fica dentro do prédio, e o visitante do lado de fora. Apenas a porta da entrada fica aberta”, diz. “Recentemente, fiz uma surpresa para uma moradora da clínica. A filha dela veio trazer roupas e a levei até a porta. Ela chorou, eu chorei e a filha chorou. Foi emocionante!”, completa.
Aos poucos, os pacientes vão se acostumando e compreendendo a nova rotina. “A moradora da clínica que tem 98 anos sempre diz que nunca pensou que iria sobreviver tanto tempo para conhecer uma crise como essa. Ainda mais depois de ter vivido duas guerras! Mas nossos pacientes estão bem, e isso é o que importa”, ressalta.
Nova realidade
O dia a dia da brasileira e de sua família também precisou ser adaptado ao cenário criado pela pandemia. “Cuido-me em dobro para não trazer algum tipo de vírus ou bactéria da clínica para casa”, conta Cibele.
“Meu filho mais velho, de 30 anos, trabalha em uma agência própria da Allianz Seguros e está fazendo home office. Já o mais novo, de 24 anos, é funcionário de uma concessionária da BMW e está atuando apenas por meio período”, destaca.
Para a enfermeira geriátrica, a maior lição da quarentena é perceber que as pessoas não precisam de muito para viver. Ela e a família, por exemplo, já se acostumaram a sair de casa com pouca frequência e evitar compras desnecessárias.
“Acredito que essa fase terá seu lado positivo. Muita gente vai conseguir reconhecer a importância da vida em família e de sentir saudades das pessoas queridas, que muitas vezes estão perto e, ao mesmo tempo, longe”, afirma Cibele. “Espero que nossas vidas voltem ao normal o mais breve possível, com mais amor, consciência e valor em relação ao que realmente é importante e necessário”.
COVID-19 PELO MUNDO: SÉRIE DE ENTREVISTAS
O Busca Voluntária e o Rota de Férias estão conversando com pessoas de todo o planeta para saber como o coronavírus está afetando a realidade de suas cidades. Confira os outros capítulos da série:
Capítulo 1: Covid-19 pelo mundo: advogada relata o dia a dia na Cidade do México
Capítulo 2: Covid-19 pelo mundo: brasileira conta como está a vida em Santiago
Capítulo 3: Covid-19 pelo mundo: “estamos melhorando aos poucos”, diz morador de Bréscia
Capítulo 4: Covid-19 pelo mundo: americanos contam como está a vida em Denver
Capítulo 5: Covid-19 pelo mundo: brasileiro fala sobre a quarentena no Canadá
Capítulo 6: Covid-19 pelo mundo: estudante vislumbra caos no México pós-pandemia
Capítulo 7: Covid-19 pelo mundo: “muitos negócios já faliram”, diz brasileira que vive em Nova York
Capítulo 8: Covid-19 pelo mundo: influenciadores de Orlando falam sobre os impactos da pandemia
Capítulo 9: Covid-19 pelo mundo: “as coisas estão melhorando aos poucos”, diz espanhola