Como surgiu o Busca Voluntária
“No final de 2009, passeava alegremente pelo Poupatempo de São Bernardo – estava tentando tirar novos documentos roubados na noite anterior – quando me deparei com um guichê onde se lia Escreve Cartas. Descobri que, ali, voluntários preenchiam documentos, criavam currículos e escreviam cartas gratuitamente para cidadãos que não tinham condições de fazê-lo (em geral, pessoas semi ou analfabetas, com problemas motores ou de visão).
Achei curioso nunca ter ouvido falar daquele trabalho.
Me sentindo a Fernanda Montenegro no filme Central do Brasil, me interessei pelo serviço. Não era a primeira vez que trabalho voluntário me atraia. Dos 13 aos 18 anos, participei semanalmente de uma campanha para arrecadar alimentos para uma creche. Doze anos depois, achava que era hora de voltar ao batente voluntário. Pedi informações sobre como ingressar no Escreve Cartas e deixei meu nome – quase escrevi “Dora” – em uma lista de interessados.
Pouco depois, o Poupatempo entrou em contato convidando para o treinamento em dois finais de semana. Não pude comparecer e pedi que me informassem quando seriam os próximos. Passaram a me ignorar. Tudo bem que fui eu que vacilei primeiro, mas não achava que o pessoal do Escreve Cartas seria tão orgulhoso.
Insisti por mais alguns meses (umas dez ligações e até uma apelação a um conhecido, que trabalhava lá dentro), até que consegui finalmente fazer o curso e começar no Escreve Cartas. Achei muito curioso o fato de ter de me esforçar tanto e pensei que muitas pessoas podiam desistir pelo caminho. As ideias, as prioridades e as vontades mudam.
“Se é tão difícil entrar no Escreve Cartas, posso me dedicar a esculturas em gelo.”
Pouco depois, resolvi doar um pouco mais do meu tempo em outro trabalho voluntário. A ideia era atuar em uma ONG que oferece apoio emocional presencial e por telefone a pessoas que procuram a entidade. Enviei alguns e-mails a diversas unidades dessa instituição. Alguns, simplesmente, nunca foram respondidos. Outros voltaram. Por fim, certas mensagens foram prontamente respondidas e comecei nesse trabalho.
Entretanto, mais uma vez me veio à mente a questão de ser tão complicado encontrar trabalho voluntário. O Google não é um bom amigo nesses casos. Mesmo porque as pessoas podem se voluntariar por diferentes motivos ou com diversas intenções. Posso estar atrás de algo próximo à minha casa (logo, a busca seria por endereço), por algo que tenho afinidade (animais, crianças), com relação à profissão (ensino, saúde) ou no tempo livre (à tarde, de madrugada, aos finais de semana).
Achei curioso não conhecer algum site que entregasse de mão beijada vagas para voluntários em instituições.
Essa conjunção de ideias foi me levando, juntamente com alguns amigos, a pensar em criar uma página eletrônica que servisse de intermediária entre ONGs e entidades e pessoas interessadas em realizar trabalho voluntário. Os dados de contatos seriam testados, o banco de dados seria atualizado constantemente. Um clique colocaria a pessoa e a entidade em contato.
Depois de conversar com o Centro de Voluntariado de São Paulo (CV-SP), obtivemos a relação de entidades cadastradas em seu mailing. Com isso, conseguimos entrar em contato somente com ONGs sérias – já que o CV-SP visita constantemente as organizações parceiras, para avaliá-las. Fomos tocando o projeto voluntariamente em nosso tempo livre.
Quatro anos depois, chegamos ao começo de uma nova história.
Meu nome é Sérgio Vinícius, sou editor na Agência Entre Aspas e acabo de colocar no ar – a empresa, conjuntamente com a InteliSites e mais alguns amigos – esse site . A ideia é torná-lo uma central de oportunidades de trabalho voluntário. Ele nasceu com pouco mais de 80 vagas, mas aos poucos espero que cresça – já que as próprias ONGs e entidades podem cadastrar suas vagas.
A ideia é acabar com todos os problemas relatados acima e colocar, à distância de um clique, pessoas interessas em ser voluntarias e ONGs que precisam dela.
A história que começou em 2009, finalmente, recomeça agora. Seja bem-vindo.”