O câncer é considerado a segunda doença que mais mata em todo o mundo. No Brasil, não é diferente, com a existência de mais de 704 mil falecimentos por conta da doença anualmente. Além disso, segundo um estudo do British Medical Journal, nos últimos 30 anos houve aumento de 79% de casos entre pessoas com menos de 50 anos. A previsão também é que possa haver 31% mais mortes pela doença nessa população nos próximos seis anos.
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Especialistas afirmam que é muito importante que as pessoas busquem informações para a conscientização, formas de prevenção e cuidados com a doença. Pensando nisso, o cirurgião oncológico do Hospital Edmundo Vasconcelos, Vinicius de Borba Marthental, responde algumas das dúvidas mais comuns sobre o assunto.
Cisto pode virar câncer?
Segundo o médico, na maioria dos casos os cistos não se transformam em câncer e são, em geral, formações benignas que podem aparecer em diversas partes do corpo, como mama, tireoide e rim.
“A transformação de um cisto em câncer é rara e depende de vários fatores, incluindo o tipo específico do cisto e sua localização. É importante que qualquer novo cisto ou mudança em um cisto existente seja avaliada por um médico especialista no assunto, para um diagnóstico adequado”, detalha.
De acordo com ele, é preciso ter atenção a alguns tipos de cistos de pâncreas e dos rins que podem ter características atípicas, então é importante consultar um cirurgião especializado para verificar a possibilidade de realizar uma biópsia ou a retirada da lesão.
Gastrite pode virar câncer?
Vinicius explica que doenças crônicas como gastrite crônica, especialmente quando associada à infecção por Helicobacter pylori, podem aumentar o risco de câncer de estômago. “A inflamação crônica do estômago pode levar a alterações pré-cancerosas na mucosa gástrica, que, se não tratadas, podem evoluir para câncer. Portanto, o tratamento eficaz da gastrite e a erradicação do H. pylori são importantes para reduzir esse risco”, afirma.
Como é o nódulo do câncer de mama? E quais os sinais no geral e em quem está amamentando?
O especialista detalha que o nódulo do câncer de mama frequentemente se apresenta como um caroço, geralmente endurecido, fixo e indolor. “É importante destacar que nem todos os nódulos na mama são cancerígenos, mas a presença de um nessas características exige avaliação médica para um diagnóstico preciso”, alerta.
Já entre os sinais, além do nódulo, Vinicius destaca a presença de alterações na pele da mama, que pode ficar avermelhada ou com aspecto de casca de laranja, mudanças no mamilo, como retração ou alteração de posição, e saída espontânea de líquido de um dos bicos, que pode ser sanguinolento, claro ou de outra cor. “Em mulheres que estão amamentando, qualquer nódulo ou alteração deve ser avaliada, pois alterações benignas como mastites ou obstruções também são comuns neste período, mas é vital descartar a presença de câncer”, pondera ele.
Como a alimentação pode influenciar ? Quais as outras formas de se prevenir?
O médico do Hospital Edmundo Vasconcelos reforça que a alimentação pode influenciar no desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Uma dieta rica em frutas, vegetais, fibras e pobre em gorduras saturadas e carnes processadas, pode reduzir o risco de certos tipos da doença, incluindo câncer de cólon, mama e próstata, especialmente por conta dos antioxidantes, fibras e outros compostos benéficos presentes nesses alimentos, que podem proteger contra danos celulares.
“Para além dos cuidados com a alimentação, é possível reduzir o risco de desenvolver câncer com a adoção de hábitos saudáveis como praticar exercícios regularmente, evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, proteger-se contra infecções que podem levar à doença (como HPV e hepatite), evitar a exposição excessiva ao sol e realizar check-ups regulares que incluem exames de detecção precoce para tipos de câncer como de mama, próstata, cólon e colo do útero, conforme recomendações médicas”, diz o médico.
Quais são os tipos de câncer mais comuns no Brasil?
O câncer de pele, do tipo não melanoma, engloba o grupo de cânceres mais comuns no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os principais tipos na mulher brasileira são o câncer de mama, de colo de útero, colorretal, de pulmão e de tireoide. Já para os homens, os mais comuns são o câncer de próstata, de pulmão, colorretal, de estômago e de cabeça e pescoço.
Qual a importância da vacina HPV e que tipo de câncer ela protege? Quem pode tomar?
O especialista ressalta que a vacina HPV é crucial para prevenir o câncer cervical, anal, de pênis, de vulva, de vagina e orofaríngeo. “A vacina funciona por meio da indução do sistema imunológico. Ela induz a produzir anticorpos contra o HPV, prevenindo assim a infecção”, explica.
São dois tipos de vacinas disponíveis no Brasil: a quadrivalente contra o HPV (protege contra quatro tipos de vírus) e a nonavalente (protege contra nove variantes). “Ambas são eficazes na prevenção de condições causadas pelo HPV, como verrugas genitais e certos tipos de câncer. A nonavalente, por incluir mais tipos do vírus, incluindo variantes de alto risco associadas ao câncer, pode oferecer uma proteção mais ampla”, detalha.
O Ministério da Saúde oferece a vacina no SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos para proteger antes do início da vida sexual. Há também uma ampliação do público-alvo para pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos e vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos, com esquemas vacinais adaptados para esses grupos. “Já a vacina nonavalente pode ser administrada em mulheres de meia-idade (27–45 anos), após análise clínica ponderada sobre o risco individual e a situação específica de cada uma, mesmo que as evidências sobre seus efeitos preventivos nessa faixa etária sejam insuficientes”, finaliza.
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