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Basquete em cadeiras de rodas: prática esportiva que integra e auxilia no dia a dia

Thalita Ribeiro
28 de Maio de 2018


Crédito: Thalita Ribeiro

Do início da rua Benedeto Marson, em São Bernardo do Campo, já dava para ouvir o eco da bola em jogo na quadra do Centro Recreativo Esportivo Especial do Bairro Assunção (CREBA). O time de basquete adaptado em cadeiras de rodas, formado pela Associação Desportiva Para Pessoas com Deficiência Física – a Adesp – treina três vezes por semana no local. Entre risos e cansaço, os atletas contam um pouco sobre a importância do esporte na vida de cada um deles.

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A equipe do Busca Voluntária acompanhou uma noite de treino do time que é filiado à Federação Paulista de Basquete Sobre Rodas. Sob o olhar e orientação do professor José Sacerdote da Silva, o grupo faz pequenas pausas para descanso, em treinos de duas horas e meia em cada dia da semana. Uma brincadeira aqui e outra ali deixam o esporte mais leve e podem não transparecer o esforço físico.

“Eu sinto que o basquete andante é bastante rápido. Porém, já aconteceu de pessoas que não têm deficiência sentarem na cadeira e não darem conta do adaptado”, afirma Jonathan Wesley Pereira de Jesus, que tem deficiência medular. Ele está no time desde fevereiro de 2013 e conta que sempre teve vontade de conhecer a modalidade.

Crédito: Thalita Ribeiro
Deu para perder as contas das cestas feitas pelo time

Alysson Alexander Pires também começou a prática esportiva no mesmo ano, em sua cidade natal, Goianésia (GO). O atleta teve distrofia medular espinhal aos 13 anos e aos 17 começou a treinar basquete. Ao passar no curso de uma das engenharias da Universidade Federal do ABC (UFABC), veio para São Paulo e procurou pelo professor. “Pensei, ‘não é possível que aqui não tenha um time de basquete’. Então, eu achei a Adesp, vim conversar com o Zezão e na outra semana estava no treino.”

Time

Integração e coletividade são duas características do esporte citadas por ambos os atletas. Na condição de cadeirante, Jonathan fez natação e hipismo, e comenta as diferenças entre as práticas. “No esporte individual, [o seu desempenho] só depende de você. No coletivo, você precisa estar bem com o time, ter entrosamento e ajudar ao próximo. Até a sensação de ganhar em grupo é diferente. Melhor mesmo.”

Sentir-se parte é a sensação descrita por Alysson. Na adolescência, após a doença se manifestar, ele praticava futebol. “[Quando ia escalar o time] chamavam João, Carlos, André e, por último, a mim e me colocavam no gol. Aqui [no basquete], sinto que é todo mundo igual e a minha deficiência não é algo notado.”

O basquete faz parte da rotina de cada um do grupo. Para Jonathan, o esporte representa superação, seja no coletivo ou no individual. “Pude conhecer pessoas, histórias e lugares diferentes. Fomos para Manaus jogar – eu nunca pensei que eu fosse conhecer esse local na minha vida. Fui para Recife também. O basquete me ajudou muito a crescer como pessoa.”

Alysson lembra da importância de incentivar a prática adaptada para deficiência físicos. “Eu sinto vontade de levar o basquete para a UFABC, pois lá é uma universidade cheia de esportes. Porém, não vejo nenhum para deficiente. Gostaria de uma atenção para isso, para focar nos deficientes da própria instituição.”

Receptividade

O grupo da Adesp também abriu as portas para a atleta Paola Klokler. Ela nasceu com má formação congênita na perna esquerda e atualmente treina com o grupo de São Bernardo. Disputou o primeiro campeonato brasileiro de basquete feminino em 2007 e se prepara para as próximas competições.

Crédito: Thalita Ribeiro
Paola Kokler em treino com o time da Adesp

“Comecei a jogar com sete anos de idade. Conforme fui crescendo, o basquete ficou sério e o meu interesse pela prática também – fui me envolvendo com os times masculinos”, conta a profissional. Desde então, não parou mais – em 2009 ele teve a oportunidade de jogar pela seleção brasileira pela primeira vez e participou de duas Paralimpíadas (Londres e Rio de Janeiro).

Sobre a importância do esporte, a atleta afirma que as últimas competições deram um boom no assunto, mas ainda falta visibilidade. “Conheço deficientes que não fazem atividade física por não conhecer as possibilidades. Então, por que não passar na TV um competição como essa?”

Para ela, quanto mais pessoas conhecerem esportes para deficientes, mais chamaria atletas para o meio, tornando-o mais competitivo. “Tiraria muita gente de casa. As pessoas ainda têm medo de aparecer, se escondem e não sabem a quem procurar.”

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