Artigo: como aproximar os jovens da rede pública para a área da tecnologia
Por Polyane Costa*
Por muito tempo, conservei uma visão bem limitada sobre a tecnologia. Enquanto menina preta e de escola pública, via a área da Tecnologia da Informação (TI) como algo muito distante da minha realidade. Os softwares, sistemas, códigos e algoritmos me soavam complexos demais. E nas propagandas relacionadas, notava um cenário extremamente homogêneo, sem pessoas negras. Então, sempre que o assunto envolvia tecnologia, antes mesmo de saber o contexto, automaticamente associava a algo que estava fora do meu alcance.
Quer ficar por dentro das melhores notícias do mundo e ainda baixar gratuitamente nosso e-book Manual do Voluntário? Clique aqui e assine a newsletter do Busca Voluntária
Como aproximar os jovens da rede pública para a área da tecnologia?
Os anos se passaram e, sendo uma exceção à regra, passei a compor a diretoria da organização social Embaixadores da Educação. Estar nessa posição me permitiu um olhar diferente sobre inúmeras situações. Com a tecnologia não foi diferente. Quando falávamos de impacto em escala, lá estava ela, sendo uma das principais precursoras.
A tecnologia vai além de ferramentas complexas. É algo muito mais abrangente, que envolve técnicas, processos, metodologias, experimentação e sistemas. Por meio dela, possibilitamos aos estudantes de escolas públicas uma experiência diferente, para que desenvolvam soluções para os desafios que a nossa sociedade enfrenta e eles também. Fazemos isso por meio de um de nossos programas, o Empower. Sem dúvida, oportunidades como essas podem transformar a jornada de um jovem de escola pública.
Um outro ponto que observo é o quão vasta é a área de tecnologia da informação, assim como as suas oportunidades. É interessante compartilhar que por meio da parceria dos Embaixadores com a ONG Meu Futuro Digital, fui apresentada a um cenário de iniciativas que querem aproximar os jovens do universo de TI. O propósito é promover um crescimento exponencial do mercado de profissionais brasileiros, por meio de ações de impacto com estudantes da rede pública.
Além disso, pude notar que pautas importantíssimas, como a falta de representatividade de negros e mulheres na tecnologia, estão começando a ganhar força. E essas iniciativas são a ponte para possibilitar a capacitação e inserção de milhares de jovens talentos. Eu precisei estar hoje numa posição social privilegiada para ter acesso ao conhecimento dessa gama de oportunidades.
Minha posição hoje é sinônimo de privilégio e, refletindo sobre minha jornada, a menina preta, aluna de escola pública que não se via em diversos lugares, continuaria não se vendo, se a história não tivesse tomado um rumo diferente. Estando hoje em um lugar de exceção, sigo na esperança para que um dia isso se torne a regra.
*Polyane Costa é administradora, empreendedora social, cofundadora e diretora de operações da Embaixadores da Educação, organização sem fins lucrativos com a missão de impulsionar alunos de escolas públicas em segmentos como a área da tecnologia.
Quer fazer trabalho voluntário? Clique aqui e encontre um com a sua cara