Várias dúvidas rondam sobre a depressão e o risco ao suicídio. Situação que pode complicar ainda mais o tema, um vez que, no Brasil, aproximadamente 11,5 milhões de pessoas vivem com depressão e 11 mil tiram a própria vida. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, respectivamente.
“Boa parte das pessoas acredita que é um ato escolhido pelo cidadão. Porém, em quase 100% dos casos, o suicídio está associado a uma doença mental, dado que reforça a importância de observar os sinais apresentados por quem está próximo”, afirma José Alberto Del Porto, professor titular do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina.
A seguir, José Roberto explicou sete mitos e verdades que rondam os temas de depressão e suicídio.
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1. O paciente pode melhorar apenas com a força de vontade
Mito. É possível atingir a remissão dos sintomas da depressão. Para isso, é essencial que a pessoa que apresenta o distúrbio procure o apoio de um profissional de saúde para fazer uma avaliação individualizada, começando imediatamente o tratamento, após o diagnóstico.
2. O tratamento da depressão e para pessoas em risco de suicídio é o mesmo
Mito. O diagnóstico final da pessoa deprimida e também o risco de suicídio exige uma investigação criteriosa por parte dos profissionais de saúde, para, então, ser definido qual o protocolo ideal em cada caso.
O tratamento da depressão pode ser realizado com a utilização de medicamentos, psicoterapia ou a combinação dos dois. Entre os tipos de terapias atuais no mercado estão os antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos. Entretanto, uma parte dos pacientes pode não apresentar melhoras após o uso de pelo menos dois desses medicamentos. Nesse caso, passam a ser diagnosticados com depressão maior resistente ou depressão refratária.
Especificamente para o suicídio, o lítio possui evidências na prevenção a longo prazo, talvez por atuar sobre o estado de ânimo e reduzir a impulsividade inerente a esses atos.
3. A pessoa deprimida sempre se apresenta com evidentes manifestações externas de depressão, como estar cabisbaixa
Verdade. Apesar de a alteração no humor ser um dos sinais relacionados à doença, não é regra que a pessoa com depressão deva sempre estar triste ou desanimada. Não é incomum encontrar casos de pessoas que cometam suicídio e que tenham uma vida socialmente ativa, por exemplo. Apesar disso, é necessário observar os outros sintomas da doença que são perda de interesse nas atividades cotidianas, fadiga, diminuição do apetite, dificuldade de concentração, e mudanças no sono.
4. O tratamento contínuo tem impacto positivo na qualidade de vida do paciente
Verdade. A pessoa com depressão possui diversas opções de tratamento e os cuidados adequados como uso de terapias médicas e acompanhamento psicológico permitem a retomada das atividades cotidianas e a remissão completa dos sintomas.
5. A pessoa que pensa em suicídio não ameaça ou fala sobre o assunto
Mito. A maioria das pessoas que pensam em suicídio dá sinais de que irá cometê-lo. É errada a crença popular de que “quem fala não faz”. O histórico mostra que grande parte dessas pessoas alertou sobre essa intenção dias ou semanas antes do ato. Alguns sinais devem ser observados: cansaço excessivo, falta de interesse pelas atividades rotineiras, aumento no consumo de álcool ou drogas, estresse e isolamento social.
6. A depressão é uma das principais causas de suicídio
Verdade. Os transtornos do humor (depressão ou transtorno bipolar) são responsáveis por aproximadamente 36% dos casos de suicídio. Além disso, os pacientes com a doença apresentam cinco vezes mais chances de cometer o ato. Mas existem outros fatores, entre eles: tentativas prévias de cometê-lo, histórico familiar e genética, impulsividade, desesperança e sentimento de desamparo, doenças clínicas não psiquiátricas (doenças graves e sem cura, por exemplo), eventos adversos na infância e na adolescência (como maus tratos e abusos sexuais) e poucos vínculos sociais.
7. Falar sobre o assunto pode incentivar a pessoa depressiva a cometer suicídio
Mito. Conversar com a pessoa que apresenta sinais de depressão pode abrir espaço para o paciente falar sobre o tema e servir como ferramenta de prevenção ao suicídio. Abordar o assunto com perguntas mais leves, como “Você tem planos para o futuro?”, também é uma forma de introduzir o tema.
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